quarta-feira, 27 de abril de 2011

O ENSINO A DISTÂNCIA


A utilização das NTICs (Novas Tecnologias da Informação e Comunicação) na educação a distância possibilita novas formas de comunicação entre professor e aluno. Essas interações podem ser síncronas, ou seja, quando todos os participantes estão conectados ao mesmo tempo, ainda que em locais diferenciados. Elas se dão, principalmente, por meio de chats e videoconferências. Na maioria das atividades a distância, porém, são privilegiadas as interações assíncronas, em que cada pessoa participa das ações educativas em tempos distintos. Para as comunicações assíncronas são utilizadas as mensagens, por meio de trocas de e-mails, as listas de discussão, fóruns e ferramentas de escritas colaborativas, como o wikis, por exemplo.
No ensino a distância, além da não limitação ao espaço físico e temporal da sala de aula, cabe ao aluno a escolha do melhor horário e do local mais adequado para estudar. O ensino a distância exige, portanto, maior responsabilidade e disciplina por parte do aluno. Ele precisa planejar bem os seus tempos de estudo, interação com colegas e professores e acompanhamento do cronograma das matérias para não se atrasar ou acumular conteúdos que, depois, ficam difíceis de serem estudados “de virada”. Acesso e participação frequentes ao ambiente virtual e realização das atividades de acordo com o cronograma do curso são condições importantes a serem observadas pelos alunos para que possam estudar e aprender a distância.
Em relação ao professor, novas competências serão exigidas para planejar, desenvolver e executar as aulas previstas. Existem estratégias, regras, conceitos e metodologias diferenciadas para a estruturação de um curso a distância. Não basta pegar o conteúdo que é trabalhado em sala de aula presencial e colocar na Internet, em páginas ou blogs. Essas novas competências, em geral, são distribuídas por diversos profissionais que atuam em equipes para garantir o sucesso do ensino online. São professores e técnicos que atuam em conjunto (ou sucessivamente) em diferenciadas funções:

Conteudista - É o professor responsável pela seleção do conteúdo e pela montagem do material didático-pedagógico do curso a distancia. Deve possuir formação e competência profissional na área do saber que irá desenvolver os conteúdos e conhecer as linguagens apropriadas para a disponibilização do material a distância.
Designers educacionais (designers instrucionais) – Profissionais que atuam na mediação entre os conhecimentos pedagógicos e as tecnologias disponíveis para a viabilização de atividades de ensino online. É sua a responsabilidade de transformar o conteúdo em estruturas de ensino para serem desenvolvidas e disponibilizadas nos ambientes virtuais online ou outros formatos tecnológicos (CDs, DVDs etc.). Devem conhecer as teorias e os métodos de ensino, avaliar e selecionar os recursos tecnológicos, observando a viabilidade do curso a ser oferecido no que tange aos aspectos educacionais, tecnológicos e financeiros.
Webdesigners - Profissionais que possuem formação e experiência para a elaboração do projeto estético e funcional de um website ou curso a distância, online. Deve compreender a aplicação em mídia eletrônica de disciplinas como: Teoria das cores, Tipografia, Arquitetura de informação, Semiótica, Usabilidade, Conhecimento de Linguagens de Estruturação e Formatação de Documentos hiper textuais como XHTML (Extensible Hypertext Markup Language) e CSS (Cascade Style Sheet). Para a aplicação desse conhecimento, de forma geral, o webdesigner recorre a softwares de tratamento e edição de imagens, desenho e codificadores.
Tutores – São profissionais que possuem funções pedagógicas, sociais, administrativas e técnicas essenciais para a viabilização e desenvolvimento de disciplinas a distância, online. Em suas relações diretas com os alunos, os professores-tutores têm papel integrador, sendo o facilitador que auxilia os alunos na compreensão dos conteúdos e na construção dos seus conhecimentos.

As instituições de ensino que estão se propondo a trabalhar com Educação a Distância têm que ficar atentas a esta questão: é preciso capacitar seus professores para trabalharem com a Educação a Distância e, mais ainda, conseguir que eles possam atuar coletivamente nesses espaços virtuais. Daí depende a legitimação desta modalidade como mais uma possibilidade de educação de qualidade, ou não.


LITWIN, Edith. Das tradições à virtualidade. In: LITWIN, Edith (Org.). Educação a Distância: temas para o debate de uma nova agenda educativa. Porto Alegre: Artmed, 2001.

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL

Você sabia que a Educação a Distância (EAD) já existe há muito tempo? A história da EAD começou em outros países há alguns séculos. Já a sua trajetória no Brasil é marcada por rupturas e descontinuidade nos projetos governamentais.
Há controvérsias entre os estudiosos do tema sobre qual foi a primeira iniciativa oficial dessa modalidade de ensino. No entanto, segundo Rodrigues (citado por CLEMENTINO, 2002), a primeira iniciativa oficialmente conhecida de Educação a Distância data de 1728, por meio de um anúncio publicado no Jornal “Gazeta de Boston”, pelo professor de taquigrafia Cauleb Phillips que dizia que toda pessoa da região, desejosa de aprender esta arte, poderia receber em sua casa várias lições semanalmente e ser perfeitamente instruída, como as pessoas que viviam em Boston.
No final do século XIX, instituições particulares dos Estados Unidos e da Europa já ofereciam cursos por correspondência. Na maioria das vezes, esses cursos eram de capacitação para ofícios e aprendizagem de idiomas. A importância da Educação a Distancia foi prevista por alguns países que investiram seriamente na modalidade. A Inglaterra é uma dessas nações que souberam compreender a importância educacional, política e cultural de oferecimento de cursos a distancia de qualidade. Em 2008 a University of London, por exemplo, comemorou 150 anos de atividades continuadas em Educação a distância, iniciadas em 1858 com cursos por correspondência. Segundo Litto (2009), entre seus alunos estão indivíduos que, mais tarde, tornaram-se célebres, como Mahatma Gandhi, Nelson Mandela, Wole Soyinka e vários cientistas ganhadores do Prêmio Nobel, além de ter como professor ninguém menos que o poeta e crítico T. S. Eliot.
São vários os informes sobre o uso de EAD em cursos superiores em diversos países, já no século XIX. Na Suécia, em 1833, era iniciado o ensino por correspondência com um curso de Contabilidade. Em Berlim, em 1856, foi criada a primeira escola de línguas por correspondência (FIRMO, 2003). Nos Estados Unidos, em 1891, a administração da Universidade de Wisconsin aceitou a proposta de seus professores para organizar cursos por correspondência nos serviços de extensão universitária. Um ano depois, em 1892, a Universidade de Chicago cria a Divisão de Ensino por Correspondência, no Departamento de Extensão daquela Universidade. A modalidade obtém resultados positivos e, em 1930, segundo Firmo, 39 universidades norte-americanas ofereciam cursos a distância (apud CLEMENTINO, 2008).
Ao final da primeira guerra mundial, surgem novas iniciativas de ensino a distância em virtude do considerável aumento da demanda social por educação. Segundo Araujo e Maltez,
Embora o crescimento de iniciativas educacionais a distância tenha ocorrido progressivamente em muitas instituições americanas e europeias, o aparecimento de várias universidades a distância fortaleceu e validou a EAD como um caminho novo e diferenciado na educação. Assim é que, nos Estados Unidos, em 1892, universidades pioneiras como a Universidade de Wisconsin, a Penn State University e a Chicago University criam cursos de formação universitária destinados principalmente aos que moravam em áreas rurais. Nos anos 60, essas e outras universidades da América e Europa aproveitam-se da evolução das tecnologias de informação e comunicação – sobretudo o rádio e a televisão – para o desenvolvimento de cursos a distância em muitas e diferenciadas habilitações.

[...] a Universidade da Grã-Bretanha, mais conhecida como Open University, mostrou ao mundo uma proposta com um desenho complexo, [...] utilizando meios impressos, televisão e cursos intensivos em períodos de recesso de outras universidades convencionais [...]. A Open University transformou-se em um modelo de ensino a distância. Na Europa, a criação da Fern Universität, na Alemanha, ou da Universidade Nacional de Educação a Distância (UNED), na Espanha, gerou propostas atrativas para um grande número de estudantes em todo mundo, tanto de carreiras de graduação como de pós-graduação. A UNED, da Espanha, conta com uma parcela expressiva de matrículas de estudantes latino-americanos nos cursos de pós-graduação.

Da década de 60 para cá, em quase todos os países do mundo foram adotados cursos a distância (rádio, correspondência, TV etc.) como meio de capacitar, treinar, informar e/ou educar pessoas fisicamente distantes dos grandes centros. “Atualmente, mais de 80 países, nos cinco continentes, adotam a Educação a Distância em todos os níveis, em sistemas formais e não formais de ensino, atendendo a milhões de estudantes” (NUNES, 2009, p.3).



CLEMENTINO, Adriana. Didática intercomunicativa em cursos online colaborativos. Tese (Doutorado em Educação). Universidade de São Paulo – USP, São Paulo, 2008.
FIRMO, Rosana Marques. A evolução da educação através do ensino a distância. Educação Tecnológica. Belo Horizonte, v.8, n.2, p.26-34, jul./dez. 2003.
LITTO, Frederic.; FORMIGA, Marcos. Apresentação. In: LITTO, Frederic; FORMIGA, Marcos (Orgs.). Educação a Distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. p. 13.
NUNES, Ivônio Barros. A história da EAD no mundo. In: LITTO, Frederic M.; FORMIGA, Marcos (Orgs.). Educação a Distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009, p.2-8.